domingo, 1 de agosto de 2010

Ilha Translúcida

Estava eu jogando um MMO à noite, como tenho feito entre um concurso e outro, para relaxar, quando ouvi um programa de televisão, que meus pais assistiam, falando sobre lixo no mar. Estou naquela fase “legal” do mês para as mulheres, e ando beeem sensível (mais do que de costume), do tipo que não consegue pensar em “A Minha Alma” (do Rappa) sem ficar com os olhos cheios de lágrimas, então logo me vi toda comovida com o programa. Lembrei-me de umas fotos horríveis que recebi pelo e-mail uma vez, sobre tartarugas vítimas do lixo, e resolvi procurar mais sobre o assunto.

Achei a foto que falei, LOL xD

Foi aquela coisa, né... Quando a gente mexe com merda, corre o risco de não gostar da catinga. Fiquei passada com o fato de existir uma área correspondente ao dobro da dos Estados Unidos com acúmulo de lixo nos oceanos. As correntes, ali, apresentam movimento circular, que impedem que as águas sigam para qualquer outro lugar. Resultado: uma sopa plástica flutuante, de proporção continental, situada entre o Havaí e o Japão. 100 milhões de toneladas de lixo circulam na região. Pois é! Temos uma ilha de plástico no globo! Nosso primeiro continente artificial? E por ser translúcido e estar sob a água, não aparece em imagens de satélite. Imagine que legal, uma ilha “invisível”... Ótimo tema para um filme, pena que não é ficção.

Tá em inglês, foi mal!

Vocês chegaram a ver que, no acidente com o Air France, vôo 477, o lixo no mar, assim como o acúmulo de óleo na superfície, complicou as buscas pelos destroços do avião? O que foi apontado como parte da fuselagem, era apenas porcaria acumulada boiando no oceano, e o óleo encontrado foi atribuído a cargueiros. E tem mais: esses poluentes contêm e acumulam produtos tóxicos, como pesticidas e hidrocarbonetos, que são ingeridos por peixes e outros organismos marinhos e poderão ir parar em seu prato. Bom Apetit! E se pensar que as chances de isso acontecer são ínfimas, aviso: 20% da proteína animal ingerida por 1,5 bilhões de pessoas no mundo, vem dos oceanos (e mais 15% do que é ingerido por 4,5 bilhões de pessoas). É nossa principal via de transporte para o comércio mundial.


Tem-se investido tanto em conhecer o espaço... que se conhece melhor as superfícies de Marte e da Lua do que nossos oceanos. Mais naves foram enviadas para sondar os outros corpos celestes do que a maior porção da Terra. Não chega a ser esquisito pensar que os envolvidos na procura pelo Air France ficaram abismados ao encontrar lixo ao invés da carcaça? Todos sabemos que existe lixo no mar, mas imagine o que é procurar por um avião e um amontoado de descartes se parecer com ele!

Tem pouco mais de 20 anos que se descobriu que microorganismos marinhos produzias a maior parte do que respiramos em terra. As pessoas não apenas, em sua esmagadora maioria, desconhecem o problema do acúmulo de uma ilha de lixo no oceano, como os próprios estudiosos não têm recursos para um conhecimento pleno sobre a região do globo onde o problema se localiza, e seu funcionamento. E olha que a tal ilha está sambando entre duas de nossas grandes potências, centros de investimentos e de desenvolvimento de tecnologias.

Por último, imagino que todos já viram notícias sobre como o lixo afeta (negativamente) a vida marinha. Estima-se que ações antrópicas sejam responsáveis por ameaçar 10% das aves, 25% dos mamíferos, 25% dos anfíbios, 20% dos répteis, 35% dos peixes e 12,5% das plantas de extinção.

Bom, vim aqui correr o risco de dizer coisas que talvez já sejam bem conhecidas, mas também para poder perguntar ao final da mensagem: então, o que você fará a respeito?

~Far

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cumprindo o papel

Olá meus queridos =)
Depois de um bom tempo, estou de volta aqui \o

E creio que este post, melhor dizendo, um post como esse se tornou uma espécie de obrigação pra mim, depois de ter feito um post falando mal de tudo, metido a revoltadinho e falando de músicas que eu não gosto ou por algum motivo acho ruins, uma pergunta se torna muito comum: "Certo Gabriel, você falou mal de tudo aí, disse um monte de coisa que não presta, reclamou de praticamente tudo. Ótimo, mas e aí? Já que você falou de tanta coisa ruim, o que você acha que é bom? Falar mal das coisas é fácil, agora quero ver é você falar de algo que seja realmente bom".




E eu respondo: CLARO QUE SIM. A minha proposta no blog nunca foi criticar ou sair sentando a madeira em nada. Desde o início a minha proposta sempre foi falar de músicas que eu gosto, por que eu gosto e indica-las pra vocês. Aquele último post foi algo atípico e apenas um desabafo, mas com este aqui já estou de volta ao normal.



E desta vez eu vou falar de um artista um pouco mais conhecido do que os outros que postei aqui. Escolhi Bob Mcferrin pra falar sobre hoje. De nome muita gente pode não conhece-lo, mas eu tenho certeza que todos já ouviram a música "Dont Worry Be Happy". Só que o que nem todo mundo sabe, é que esta música foi inteiramente gravada por ele. Todos os sons presentes na música são feitos por ele, somente com a voz. Ele possui além de uma extensão vocal incrível sendo capaz de cantar em quatro oitavas, consegue produzir muitos efeitos utilizando a voz.



McFerrin nasceu em 11 de março de 1950 no Reino Unido, mas radicado em Nova Iorque. Ao longo de sua carreira, já fez parcerias com CHick Corea, Herbie Hancock, Joe Zawinul, Richard Bona, Yo-Yo Ma entre vários outros artistas renomados. Seu estilo mais característico é o Jazz, mas ele passeia com muita tranquilidade entre o pop e o pop rock. Em estúdio, Bobby já criou álbuns em que é o único músico, cantando e simulando instrumentos. Uma das suas técnicas mais notáveis é o chamado "Canto Diofônico", em que o cantor produz vários intervalos com uma só voz (é como se cantasse duas notas ao mesmo tempo). Pra vocês perceberem o quão incrível é esta técnica, tente falar duas palavras ao mesmo tempo. Pronto, é como se ele fizesse isso.



Porém o que mais me impressiona no trabalho deste verdadeiro gênio da voz, não são os trabalhos feitos em estúdio, e sim as performances ao vivo. Ele tem uma forma única de interagir com a platéia. Ele costuma dividir a platéia em grupos, deixando cada grupo responsável por uma nota, e então ele começa a criar melodias em cima das notas cantadas pelo público. Ou ainda determina que alguns lugares do palco, sejam notas musicais que deverão ser cantadas pela platéia, de acordo com o local em que ele pise. Enquanto isso ele improvisa melodias com a voz utilizando escalas tão lindas quanto as utilizadas por qualquer outro instrumentista. Creio que uma comparação muito válida, é que McFerrin consegue fazer com a voz, o que Herbie Hancock ou John Coltrane fazem com o piano e o sax, respectivamente.




Filho de cantores de ópera, foi treinado para ser pianista, mas ainda jovem se decidiu pelo canto. Logo em seguida ele começou a fazer apresentações como solista desacompanhado, e em 1984 gravou o álbum "The Voice" que até hoje é considerado o melhor. Mesmo sendo considerado um grande nome do jazz vocal, McFerrin ainda não é considerado uma influência a altura do seu enorme talento. Venceu vários prêmios "Grammy" nas categorias de melhor performance vocal masculina de jazz, melhor arranjo vocal para duas ou mais vozes, melhor gravação para as crianças, melhor performance vocal pop masculino, e melhor performance de Jazz vocal.




Sem mais delongas, vou disponibilizar links pra vocês conhecerem o trabalho dele.

Primeiro, alguns vídeos com apresentações bastante performáticas:


Chick Corea and Bob McFerrin - Spain

Bob McFerrin demonstrate the power of the pentatonic scale

Spontanious Inventions - Bobby McFerrin


E alguns álbuns para download:

The Voice

Vocabularies - 2010

The Note Blues Years

Simple Pleasures




Post curto, porém bastante objetivo. Espero que tenham curtido e espero também não demorar muito a postar algo aqui pra vocês.

Fiquem com Deus e muito obrigado.

Beijos =*

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Japão S2 Brasil

Oi! Meu nome é Mariana. Tomarei a liberdade de, vez ou outra, publicar meus textos aqui, também, à convite do Gabi. Queria começar com meu dia de ontem! Prometo que não contarei sobre coisas enfadonhas do dia a dia XD!

Ontem eu conheci o Ricardo Cruz!

- Quem é Ricardo Cruz?

Eu também não sabia! Mas fiquei fascinada com o que aprendi sobre ele e com a pessoa que é. Ricardo Cruz é o único integrante brasileiro de uma banda que adoro há bastante tempo: JAM Project!

- O que é JAM Project!?

Você conhece nem que seja um pouquinho, sério. Conhece, pode não gostar, mas com certeza deve achar nostálgicas as menções sobre isso. O líder e fundador da banda, Hironobu Kageyama, é o responsável por temas como o de Changeman, um dos encerramentos de Ultraman, mais de 10 músicas de Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco, incluindo Pegasus Fantasy), mais de 30 músicas de Dragon Ball Z e GT (como Cha-La Head Cha-la), músicas para games como Sonic X, etc. As coisas que irei comentar fazem parte do depoimento do Ricardo Cruz, tenho a intenção apenas de dividir com vocês o que ouvi!


Kageyama começou a trabalhar com Tokusatsus à partir de Changeman. Foi convidado pra fazer o tema por ser conhecido como um músico com estilo mais puxado para o rock. Os animesongs de antes eram mais voltados para marchinhas, tendo a 1ª abertura de Saint Seiya como exemplo (aquela: “os guardiões do universo hão de vencer o mal/ o seu destino é combater por um mundo ideal(...)”!), e eles queriam mudar um pouco o feeling que as músicas de super heróis passavam. Com o crescimento do J-POP atual, Kageyama montou a JAM Project (Japanese Animesongs Makers Project), com o intuito de não deixar esse estilo de música se perder. A banda tem 10 anos e conta (ou já contou) com muitos artistas de peso, consagrados no Japão. São artistas de nome e carreira sólida lá, como Ichiro Mizuki (Kamen Rider) e Rica Matsumoto (dubladora de Satoshi, o Ash japonês em Pokémon, e responsável pelos temas dos filmes japoneses). É aí que entra o Ricardo.

Ricardo é um brasuca de 28 anos, que teve uma juventude comum para as pessoas dessa geração no Brasil! Assistia tokusatsus e animes, era apaixonado, e sonhava em ir ao Japão. Só que ele encheu tanto o saco do pai com isso que acabou indo. Morou e estudou um ano no Japão, conheceu um pouco da cultura e da língua e voltou, mas continuou apaixonado por tokusatsus e animes. Disse que chegava a pagar 80 paus por um CD original, direto do Japão, com 10 músicas apenas, já que não tinha como baixá-las na net, e até traduzia Bleach para as pessoas poderem ler na net! Aí, certa vez, a banda JAM Project veio ao Brasil. Ricardo estava participando dos ensaios da banda, porque ia acompanhar os músicos japoneses, só que uma das cantoras adoeceu na viagem e não estava podendo ensaiar. Kageyama convidou Ricardo para cantar no ensaio, já que tinha uma certa intimidade com japonês, ajudando na substituição temporária da cantora. Kageyama gostou do que ouviu, comentou sobre um concurso que ocorria no Japão para nomeação de um novo integrante, e recomendou a Ricardo participar. A banda queria sangue novo mesmo, não precisava ser alguém com carreira, estavam de olho em novatos. E Ricardo superou os japoneses que concorriam e ganhou o posto na banda. Está como integrante desde 2004. Não é surreal!? O cara era um “nerd” (XD) como nós! Que vibrava com Jaspion, Jiraya, Flashman, etc, como nós! Que até chegou a traduzir mangá na net, pelo tamanho fascínio que tinha pela coisa, como... bem, alguns de nós! Abraçou o gosto pela música e pela nossa nostálgica cultura pop japonesa e mergulhou de cabeça. Claro que contou com um pouco de sorte e com um puta dum vozeirão, mas está lá: um brasileiro no meio da banda criada para manter viva a cultura musical japonesa sobre heróis.

E eu o conheci ontem, no sentido de ouvir falar e vê-lo/conversar pessoalmente. Apesar de tudo o que alcançou, ele ainda é um entusiasta como nós, que comenta feliz sobre os tokusatsus e animes, e fala com brilho nos olhos sobre o que o JAM Project promove e o que o Kageyama representa. Além disso, enche as orelhas daquele tanto de músico japa foda sobre o Brasil! Aliás, disse que o Kageyama é apaixonado por nosso país, já veio aqui umas 8x, ama caipirinha, aceitou gravar uma composição em português que o Ricardo fez, e o JAM já até tocou cavaquinho em um Anime Friends-SP. Só quis dividir com vocês o que vivi ontem em Vitória porque me foi muito inspirador ver alguém que foi um moleque como nós abraçar algo com que sonhava e viver isso (não estou falando que devíamos fazer o mesmo, ao menos não no mesmo sentido). É certo que muitos chamem esse tipo de coisa de infantil, e que estejamos carecas de saber que não é bem por aí, e senti muito orgulho pelo Ricardo (e muita vergonha por não conhecê-lo antes, até por adorar a JAM).

Agora, vou dividir com vocês alguns links para download e vídeos online, para quem ainda não sabe o que é JAM Project e quem é Ricardo Cruz, e quiser ouvi-los e conhecê-los:


Espero que agrade ao menos a alguém! Não sei bem me despedir em posts, LOL!
Ja ne n.~

sábado, 5 de junho de 2010

Inquietações

Inicialmente me desculpem por ter deixado o blog tanto tempo parado. Eu realmente estou sem tempo de escrever, e quando sento no pc pra fazer algo eu geralmente estou tão cansado que não consigo produzir nada. Minha rotina de fato não tem sido fácil. Falando um pouco da minha vida particular, ontem eu fiz um exame muito complicado e constrangedor, em que fui duplamente sondado. Quem é homem, ou melhor, quem é ser humano nunca deseje isso pra si, nem pra ninguém. É uma dor inimaginável e esquisita, pois acredito que ninguém nunca imagina como é algo passando por um canal que só deveria sair, e sair líquido. Os resultados não foram nada animadores, mas não estou preocupado com isso, pois sei que em breve ficarei bem.

Falando sobre este post, ultimamente eu tenho me divertido muito na internet, mais especificamente no youtube vendo os vlogs do PC Siqueira e do Felipe Neto. O que me chamou atenção foi o quanto eu compartilho das idéias deles e o fato de me lembrar o quanto eu estou preocupado com esta geração. Eu sou professor e acompanho de perto o que a juventude pensa, e me entristece ver que o “estudar pra passar” predomina com muita força. Eles não estão nem aí pra que tipo de adultos vão ser, pra como eles vão enfrentar o tal do “mundo lá fora” ou em que mundo vão criar os seus filhos. Tudo bem, talvez eu esteja exagerando e meninos entre a quinta e a oitava série não devam ter ainda esse tipo de preocupação. Mas eles deveriam se preocupar ao menos em fazer algo que fosse realmente produtivo, e não em simplesmente uma nota que no fundo não significa muita coisa. E é triste ver o quanto eles fazem pra conseguir essa nota que não diz nada sobre ele. Táticas sujas como olhar a prova do colega ao lado, olhar o livro ou imprimir em um papel o assunto com uma fonte tamanho 12 é algo realmente deprimente. A única coisa que faz com que eles estudem, é o medo da reprovação. Medo este que só chega lá pelo final do ano, nas provas finais ou recuperações. O que normalmente ocorre é que os alunos mantêm este comportamento até o terceiro ano do ensino médio, e não conseguem aprovação em vestibular algum, pois ao longo da vida ao invés de estudar ele estava preocupado com terminar o ano beijando mais do que o colega ou vencer a turma adversária nos jogos escolares. Diversão também faz parte do processo e eu acho muito válido que eles aproveitem bem a fase em que vivem e não deixem nada pra posteridade, nem se divertir, e nem estudar.

Saindo um pouco do trabalho e dando um passeio pela rua, me vem uma imagem que me deixa muito triste também. Antigamente, a juventude era influenciada pelos seus ídolos. As pessoas queriam escrever como o cazuza, queriam cantar bem como a Maria Bethânia ou simplesmente serem bonitos como o Reynaldo Gianecchini. Podem considerar este último um desejo fútil, mas eu ainda acho melhor do que se inspirar em um marginal. É perturbador ver a criançada de hoje querendo se vestir como marginais. Será que eles é que são os astros da galera de hoje? Vejo-os utilizando bermudas de veludo da Cyclone, não por acharem bonito, e sim por ser um tipo de roupa comum entre marginais. Além de acessórios como correntes de prata, bonés com aba reta e vários outros. Não seria tão ruim se fosse só isso. Me deixa com vontade de chorar ver um menino de doze anos com as pontas dos dedos queimadas por causa do uso de crack, e me revolta saber que este que eu estou vendo é só um entre muitos. Tem coisa mais revoltante do que uma criança perdida nas drogas? E elas vêem isso como algo legal, algo da moda, algo bonito. E não são só garotos pobres da periferia que estão se afogando em drogas não. Muitos filhinhos de papai cheios de recursos e oportunidades na vida já estão igualmente perdidos nas drogas e na marginalidade. É literalmente foda.

E por falar em ídolos, me mata de... Eu nem sei se é de raiva ou de vergonha, mas eu fico até meio constrangido vendo quem são os ídolos dessa geração. Vou falar um pouco de música, que eu acho que deveria até ser o tema central do blog. É incrível como tanta merda faz sucesso. E são merdas de vários tipos diferentes, e eu analisei cada um deles. Primeiro é um tipo de música que faz muito sucesso com a garotada entre 10 e 13 anos que são as bandinhas de adolescentes. Normalmente são músicas que se diferenciam muito pouco uma das outras. O ritmo é geralmente o mesmo, os timbres são geralmente os mesmos e as letras geralmente falam sobre a mesma coisa: uma linda história de amor adolescente. No ápice da minha chatice, eu não consigo entender como é que eles conseguem ouvir músicas tão repetitivas com harmonias e letras tão pobres, mas aí vem o meu lado flexível e me diz que entre dez e treze anos dá pra gostar de qualquer coisa... O que é na verdade uma premissa que não me satisfaz muito, pois nessa idade eu já estava buscando músicas que tinham algo a mais. No meu aniversário de dez anos eu pedi pra minha mãe um cd “Bethânia Canta Caetano” que eu guardo com muito carinho até hoje, e não me acho excepcional ou mais inteligente que ninguém por isso, mas tudo bem, eu deixo passar.

Um segundo tipo de música que eu analisei, são as musiquinhas feitas por jovenzinhos revoltadinhos e que se acham os experientes, os vividos, os fodões da vida. Bem como as músicas do tipo anterior, estas também não tem tanta diferença entre si. É sempre a mesma ladainha, sempre a mesma batidinha e os mesmos timbrezinhos. Só que agora ao invés de falar sobre romances bobinhos e chatinhos, estas tratam... da vida. Só que o que eu vejo são rimas pobres, um aglomerado de frases sem o menor sentido ou com sentido insignificante. Frases do tipo “o impossível é uma questão de opinião” fazem com que um único pensamento venha à minha mente: “PULA DE UM PRÉDIO MISÉRIA, E VOA SE VOCÊ ACHA QUE PODE”. Ou então “entre o bem e o mal eu fico com a paz”. Essa é muito foda por que se você olhar o resto da letra, logo antes disso vem: “Se não se decidiu, então corra atrás”. Dá pra perceber bem que isso não passa de uma rima idiota. As palavras foram colocadas dessa maneira somente para rimar, e não por que fazem algum sentido ou querem dizer alguma coisa. Qualquer um que conheça bem a vida sabe que já é um luxo a vida lhe dar duas opções, por que geralmente é uma só mesmo. Daí o maluco tem duas e ainda quer correr pra uma terceira. É muito escroto mesmo, quem ele pensa que é? Além de tudo o que eu já citei aqui, tem mais duas coisas nesse tipo de música que me irritam muito. A primeira delas é a forma como essas músicas são cantadas. É tão falso que a única coisa que eu me pergunto é “por quê?” Por que cantar com uma entonação de roqueiro, como se estivesse cantando Iron Maiden ou Ozzy Osbourne, quando tudo o que você está cantando é uma musiquinha bem bobinha? Essa falsa “pegada” de rock me incomoda muito. E um outro fato muito irritante, é que quem curte esse tipo de música geralmente abomina o pagode. Abomina ao ponto de chamar o pessoal que curte pagode de burro e acéfalo, que eles não querem nada com a vida e vão se ferrar lá na frente por que não querem pensar e ouvir boas músicas agora. Quem eles pensam que são pra criticar o pagode? Se analisarmos as letras dos dois estilos, não tem nada de tão diferente entre elas, só que o pagode rima para que as músicas se tornem de fácil assimilação, e esse tipo de rock faz rimas tão pobres quanto as do pagode, só que tentando dar uma de filósofo, de inteligente, de manjador da vida... e não são. Pra esse tipo de música eu acredito que entre uns treze e quinze anos dá pra curtir numa boa, desde que você prontamente descubra que não é bem por aí e parta pra outras coisas.

E por último mas não menos irritante (na verdade é a mais irritante pra mim) são as músicas pseudo-intelectuais. Músicas com letras completamente ininteligíveis e que atinge ouvintes preguiçosos e que gostam de pagar de fodões. Preguiçosos por que eles não se dão ao trabalho de tentar entender a música, mesmo por que se eles fizerem isso eu tenho certeza que não vão conseguir. E parecem que tem algum tipo de orgulho em dizer “olha como é foda a letra desta música” ou “veja como eu sou inteligente e escuto músicas que tem uma letra extremamente complexa”. Se quer algo complexo, vá tentar resolver a hipótese de Riemman ou fazer algo realmente útil, por que de complexo tais músicas só tem a letra. Acho que é até muito simples procurar no dicionário umas palavras mais complicadas e agrupa-las de um jeito que o texto fique muito bonito, com muita estética e sintaxe, porém com muito pouco ou quase nada de semântica. Pra falar algo bonito, ou algo que tenha um significado, palavras complicadas não são necessárias. Eu ia citar aqui uma frase de um amigo meu que disse “Chico Buarque fez uma música com um significado extremamente profundo, uma música linda usando palavras como ‘meu guri’”, porém acho que nem vale fazer qualquer tipo de comparação com Chico Buarque, muito menos com esses “intelectualóides”. Outro dia eu ri muito ouvindo uma dessas bandas aí que tinha uma proposta experimental. Então os caras começavam tocando uma música com o rock bem pesado, no meio da música mudavam pra um ritmo mais lento, daí a música virava um pagode e fechava com uma marchinha de carnaval. Como bem diria o mesmo amigo meu da citação acima, um verdadeiro samba do crioulo doido. É sério que eles acham que estão fazendo “o som” tocando dessa forma? Será mesmo que se acham os músicos fodões com os arranjos extraordinários? Se isso fosse um experimento feito em laboratório, os resultados seriam considerados desastrosos, com discrepância acima dos 50% (boas medidas tem no máximo 5% de discrepância) e seria um erro injustificável. Música tem que transmitir um sentimento pra quem escuta, e se você troca de ritmo o tempo todo, a sua música não transmite nada, o seu som não significa nada. Como eu disse anteriormente, pra quem tem preguiça de pensar é até muito prático curtir essas músicas e fazer comentários do tipo “olha como eles tocam bem, tem que ser muito bom pra fazer essas variações de ritmo, olha como eles são fodas”. Resumindo, bandas que se acham as tais, com letras que parecem fodas mas não são, arranjos que parecem rebuscados mas não são e fãs que se acham igualmente fodas e inteligentes, mas não são. É uma falsidade sem fim e que me deixa tão irritado, mas tão irritado que eu não recomendo esse tipo de música pra ninguém, nenhuma faixa etária mesmo. Prefiro crer que cedo ou tarde os fãs vão perceber que o que eles estão ouvindo não é lá essas “coca-cola toda” e vão procurar algo que realmente seja legal, que tenha uma letra com uma mensagem bacana e um som gostoso de se ouvir, e também acredito que as bandas um dia passarão a fazer um trabalho mais interessante, até lá eu fico no aguardo.

Além desses três tipos de música, ainda tem uma gama de músicas ruins como pagode, arrocha, axé music, funk dentre outros, porém essas músicas não costumam me agredir, e eu até consigo curtir de vez em quando dependendo da ocasião. O propósito destas músicas fica bem claro logo que você começa a escutar. Se você liga o rádio e escuta algo do tipo “esfrega a xana no asfalto” quer dizer que você deve estar em uma praia, próximo a um carro com um som bombando, tomando cerveja e se acabando de dançar. Não há falsidade aí, em momento algum o autor da música quis dizer algo diferente disso, quis tentar ser inteligente em suas colocações ou qualquer outra coisa do tipo. Tudo bem se você não gosta de dançar, mas não vejo problema algum em curtir essas músicas com uns amigos e se divertir bastante, até por que eu faço isso com uma freqüência menor do que gostaria, mas eventualmente acontece, e eu adoro. É obvio que você não vai colocar um cd de Black Style no som da sua casa, parar tudo o que estiver fazendo para escutar o som sentado em sua poltrona e refletir sobre o que os caras estão falando. Claro que você não vai fazer isso por que como eu falei, o propósito desse tipo de música é muito bem definido. Sendo algo tão verdadeiro, mesmo não tendo lá tanta qualidade musical ou tanta complexidade melódica ou harmônica, é algo que sinceramente não me incomoda. Seria muito bom se fosse apenas isso, porém é horrível quando algumas pessoas tomam esses estilos musicais como os únicos presentes em sua vida. Uma pessoa que só escuta funk, axé e pagode só pode estar muito desligado do mundo ao seu redor. Se o objetivo dessas músicas é dançar e curtir, que essas pessoas acordem logo e descubram que a vida não é só diversão, e ninguém vai sustentar filho dançando rebolation, a não ser que você seja o próprio Léo Santana, mas duvido que ele leia o meu blog.

Bom, neste exato momento eu devo estar sendo jurado de morte. Frases do tipo “filho da puta, como que você defende essas merdas como pagode e fala mal de músicas tão inteligentes e rebuscadas?” devem surgir a todo momento e muitos de vocês devem querer a minha cabeça. Mentira, o blog tem poucos leitores então não devem ser muitos os que querem a minha morte, mas efim, é o que eu acho mesmo. Eu prefiro ouvir Silvanno Salles do que ouvir musiquinhas sobre paixões adolescentes, ou um garotinho que se acha o foda mas que não canta nada e tem um cabelo de twist, ou ainda uma música que eu não consiga entender, justamente por não ter significado algum. Eu sou frequentemente chamado de chato por não gostar das músicas citadas acima, e eu estou começando a achar que é bom ser chato. É bom escolher as músicas que eu vou ouvir por mim mesmo, ainda que ninguém as conheça, ou que ela seja a música mais popular do mundo, eu escuto por que eu quero. Independente da música ser o sucesso do momento ou ser uma música que ninguém conheça, eu escolho as minhas músicas pelo meu próprio filtro. Quem já me achava um velho nessa questão de gosto musical, deve estar achando agora que eu tenho um pé na cova de tanta idade, e que além de velho eu estou esclerosado, porém insisto que é muito bom ser assim e estou começando a conviver bem com isso.

Eu nem vou usar este post pra falar dos meus gostos literários, os animes que gosto e as porcarias que são endeusadas por aí, dos mangas ou dos filmes que eu gosto, por que acho que já esgotei toda a minha chatice falando sobre música, e também creio que já foi suficiente pra passar a mensagem que eu queria, então por hoje antes de encerrar eu gostaria de dizer algumas coisas:

1 - Eu sei que eu só fiz falar mal de tudo como se o mundo inteiro fosse uma merda e não tivesse nada que preste, mas não é por aí. Existem muitas coisas boas pra serem escutadas, e não são só coisas velhas. Tem muita gente boa aí surgindo, porém eu acho que nesse post não cabe mais, fica pra uma próxima vez.

2 - Estou muito contente por ter encontrado mais um companheiro pra o blog, e breve ele estará atualizando aqui, e é provável que ele atualize mais do que eu. Espero que gostem dele.

3 - Apesar de parecer um velho, chato e rabugento, e passar por algumas dificuldades principalmente no que diz respeito a saúde, eu sou uma pessoa muito bem resolvida, que sei muito bem o que quero, e principalmente muito feliz. Eu tenho um anjo que sempre aparece nos momentos mais difíceis e me ajuda a superar as dificuldades, então não tem como a situação estar ruim pra mim. Não se preocupem, os chatos também amam.

4 - A minha busca por um grupo fechado pra o blog não cessa, mas ela está evoluindo, portanto aguardem mais que coisas boas virão.

5 - Cometários fazem bem, e eu gosto


6 - Que fique claro que eu não me acho o detentor da verdade absoluta, o que o meu gosto musical seja o supremo e inquestionável. Muito longe disso, eu até gosto que discordem de mim pra gerar uma boa discussão, só pesso que não levem pra o lado pessoal e me respeitem, como eu respeito todos vocês.


7 - Baseball é um barato e Hockey no gelo também


8 - NBA está terminando e meus Nuggets passaram longe da decisão esse ano, então eu prefiro que os Lakers não vençam


9 - Vou torcer muito pra o Vitória ser campeão da copa do brasil, e pretendo apoiar meu leão de perto nos dois jogos


10 - Eu amo vocês.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Dia 13 de Maio em Santo Amaro...


“Dia 13 de maio em Santo Amaro Na Praça do Mercado

Os pretos celebravam (talvez hoje ainda o façam)


O fim da escravidão
Da escravidão

O fim da escravidão

Tanta pindoba!
Lembro do aluá Lembro da maniçoba Foguetes no ar

Pra saudar Isabel Ô Isabé Pra saudar Isabé”
(CaetanoVeloso- Noites do Norte/2000)

O Bembé do mercado de Santo Amaro que já foi cantado pelo grande artista da nossa terra Caetano Veloso, conforme o verso acima, teve origem no dia 13 de maio de 1888, quando João de Obá, escravo de origem malê e pai-de-santo, armou um caramanchão na área da Ponte do Xeréu, em Santo Amaro, e bateu ali seu bembé para agradecer a liberdade dos negros.

Passado um ano, os libertos da cidade resolveram festejar a abolição em praça pública, levando para as ruas as cerimônias antes restritas às senzalas. Foram três dias e três noites de festa, que aconteceram contra a vontade dos barões da época, que mandaram a força policial para impedi-los.

Amparados por sua fé, os 13 de maio, como eram conhecidos os forros, mantiveram o Bembé e ainda rogaram uma praga sobre todo aquele que impedisse o candomblé do mercado. Reza a tradição santo- amarense que, nesse tempo, só em apenas dois anos não se realizou o Bembé, e justamente nesses dois anos aconteceram grandes tragédias na cidade, como uma enchente devastadora e uma explosão em barracas de fogos de artifício.

Diferente do que muitos pensam, o bembé não tem qualquer relação com o sincretismo religioso. É somente uma comemoração da liberdade, uma festa pra extravasar todo o sentimento de alegria dos escravos que agora eram livres. Claro que tal manifestação não agradou os senhores de engenho da época, porém todo dia 13 de maio os ex-escravos se reuniam na praça do mercado pra comemorar a liberdade, ao som de batuques e muita alegria. Então os próprios senhores começaram a espalhar boatos de que os negros se reuniam pra receber entidades e incorporar espíritos, o que afasta muita gente da festa até hoje.

Amanhã se Deus quiser, vou lá no Bembé pra conferir a ornamentação deste ano e tirar algumas fotos pra vocês. Beijos a todos ;*

sábado, 8 de maio de 2010

Voltando a falar de música





E voltando a postar no blog. Não meus queridos, eu não vou deixar o blog parar, ainda que passe um bom tempo sem postar, neste caso duas semanas, o blog está sim na ativa. Pra contemplar vocês com mais um músico espetacular, e dando segmento as apresentações de grandes nomes do Jazz. Eu sinceramente espero que ao acompanhar o blog, de pra todos terem um bom conhecimento sobre jazz e enriquecer os conhecimentos musicais, inclusive espero ir sempre aumentando os meus conhecimentos e ampliando meus horizontes aqui no blog também, portanto vamos crescer juntos.

Desta vez escolhi falar sobre Pat Metheny, primeiro guitarrista a ser tratado aqui no blog. E com certeza será tratado de forma muito especial. O que mais me chama atenção no Pat, é a forma como ele toca a Bossa Nova. Não parece um americano tocando, mas um brasileiro cheio de swing e samba na veia. Além de, claro, uma técnica apuradíssima aliada a toda sua genialidade, somada ao seu sotaque genuinamente americano, puramente jazzístico.

Nasceu em 1954 no Kansas e desde muito novo já se mostrava um gênio. Com 15 anos já tocava com grandes nomes do jazz no Kansas, adquirindo experiência de banda muito jovem. Logo em seu primeiro álbum, o Bright Size Life (1976), Metheny recebeu muitos elogios da crítica. Ele que, já em seu primeiro álbum, "reinventara o som tradicional da guitarra de jazz" (segundo os críticos) continuou a redefinir o gênero utilizando novas tecnologias e refinando sempre a sua capacidade de improvisação no instrumento.

Durante a sua carreira, atuou com grandes nomes da música internacional como Steve Reich, Ornette Coleman, Herbie Hancock, Jim Hall, David Bowie, Chick Corea, Gary Burton, Milton Nascimento, Tom Jobim e muitos outros. Atuou também na área acadêmica como professor de música. Aos 18, foi o professor mais novo da história da universidade de Miami, e aos 19, tornou-se o mais jovem professor da história da universidade de Berkeley, recebendo o título de doutor honorário vinte anos mais tarde (1996).

Metheny foi um dos primeiros músicos a tratar o uso de sintetizadores com seriedade. Muito antes da tecnologia MIDI ( tecnologia de efeitos que é utilizada hoje em dia), Metheny usava um Synclavier como ferramenta de composição. Também teve participação na criação de vários tipos de guitarras diferentes como a acústica soprano, a guitarra de 42 cordas Pikasso, e uma variedade de instrumentos feitos sob sua encomenda.

Durante anos, Matheny ganhou uma infinidade de prêmios como "melhor guitarrista de jazz" e disco de ouro para os álbuns Still Life (Talking), Letter from Home e Secret Story. Ganhou também quinze prêmios Grammy Awards em várias categorias diferentes incluindo "Best Rock Instrumental", "Best Contemporary Jazz Recording", "Best Jazz Instrumental Solo", "Best Instrumental Composition". O Pat Metheny Group ganhou sete Grammies consecutivos em sete álbuns consecutivos. Metheny continua compondo e tocando muito com uma agenda de mais de duzentas viagens por ano desde 1974. Dedica seu tempo aos seus próprios projetos, a novos músicos e aos veteranos, acrescentando muita beleza e sofisticação em qualquer trabalho que participe.

Downloads:

Pat Metheny Group - Still Life (1987)
Pat Metheny Group - Imaginary Day (1997)
Pat Metheny - Bright Size Life (1976)
Pat Metheny, Gary Burton, Chick Corea, Roy Haynes e Dave Holland - Like Minds (1998)

PS: Todos os álbuns indicados são excelentes, mas o Like Minds é um dos meus álbuns de jazz favoritos, espero que gostem. Até a próxima e beijos a todos ;*

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O show dos esportes


Eu sempre fui fascinado pelo mundo dos esportes.
Sempre fui um grande admirador dos atletas, não só dentro das quadras - com piso de alta tecnologia, campos de grama que mais parecem tapetes, ringues e octógonos sangrentos - independente do palco, eu sempre vi os esportes como um verdadeiro show. E sempre me fiz a seguinte pergunta: “como é ser um atleta profissional”?

Por mais que eles sejam bem pagos, eles não estão ali só por si mesmos. Claro que pra eles, aquilo é uma diversão, pois eles fazem o que gostam, contra adversários que também fazem o que gostam. Tinha tudo pra ser mais uma divertida brincadeira de criança...mas não é. Pois no peito, eles carregam um escudo. Mesmo que este escudo não seja de seu país, ainda assim é um escudo que tem algum significado. Acho muito interessante que, nos Estados Unidos, o nome do time, seja de que esporte for, é ligado ao nome da cidade sede do time. “Boston Celtics”, “Detroit Red Wings”, “New York Yankees”, “Indianapolis Colts”. Isso significa que, se os Celtics forem jogar fora de casa, eles estão levando, além do escudo do time, além de toda a história e tradição do clube, os sentimentos de milhares de fãs de sua cidade, que amam e dão todo o apoio ao clube, e não existe nada mais fantástico do que essa representação.

Ser atleta é representar os sentimentos de todos aqueles que amam o clube, e que por conseqüência, amam você. E não é só nos Estados Unidos que há este tipo de representação. Vemos muito disso aqui no Brasil e em outros países do mundo com o futebol também, e em todos os outros esportes.

E um atleta não representa a sua equipe, a sua torcida, apenas quando está disputando. Acho muito bonito ver a atitude da maioria dos atletas profissionais que ajudam o próximo, muitos lembrando de o quanto foi difícil e o quanto eles sofreram antes de virarem super-astros. Eu fico realmente admirado com a habilidade que os atletas mostram, e fico imaginando sempre comigo “como ele consegue dar um chute desses”, ou “que velocidade, como ele conseguiu se esquivar de um golpe perfeito desses”, ou ainda “como é que ele consegue rebater bolas tão velozes, será um cavaleiro Jedi?” É por isso que sempre dei muito valor a esses verdadeiros gênios, pessoas de uma inteligência tremenda e que são os melhores naquilo que elas fazem.

Fico indignado quando chamam um atleta de “burro” por ele não saber direito as regras gramaticais, não ter um conhecimento muito amplo de história ou geografia, não saber realizar operações matemáticas complexas com limites ou derivadas, ou até não saber responder direito a uma entrevista. Dizer que um atleta é burro, pra mim é o mesmo que dizer a um escritor que ele é burro por que ele não sabe fazer uma rotação ou translação de eixos coordenados, ou ainda dizer a um matemático que ele é burro por que não sabe que um acorde de Dó Maior com Sétima serve de preparação pra um Fá, que é a sua “quarta”. É de uma ignorância sem fim atribuir a estes fatos a falta de capacidade intelectual. Basta analisarmos o seguinte: Quantas vezes ele já teve o lápis e o papel na mão? Ou ainda, quantas vezes ele teve livros de qualidade pra ler? Por outro lado, eu já tive a bola nos pés muitas vezes, e não consegui chutar. Já tive a bola laranja nas mãos, e não consegui arremessar. Já tive luvas vermelhas nas mãos, e não consegui bater. Já vesti kimono, e não consegui lutar. Já estive nas piscinas, e não consegui nadar.

Pra quem ainda acha os atletas “burros”, responda a seguinte pergunta: “Quem sou eu naquilo que eu faço”? Falando por mim, eu sou apenas mais um entre milhões de estudantes de física, mais um entre milhões de professores, e que ainda não fez nada de realmente significante, nada que possa ser escrito pra ser lembrado pelas próximas gerações. Resumindo, naquilo que eu faço e escolhi, eu não sou NINGUÉM. Apenas pelo fato dos atletas terem destaque naquilo que eles fazem, o fato de serem os melhores naquilo que fazem...isso já os torna muito mais inteligentes do que eu.


Acho completamente errônea a visão de que inteligência e sucesso escolar estão tão ligados entre si. Sou mais adepto da teoria das múltiplas inteligências, desenvolvida por Gardner, e que preza pelas várias áreas do conhecimento. Segundo esta teoria, a inteligência pode ser dividida em: lingüística, musical, lógico matemática, espacial, cinética, interpessoal e intrapessoal. É fácil perceber que ninguém pode ser inteligente por completo, e sim ter afinidade com alguma ou algumas dessas inteligências. E ser inteligente é fundamentalmente diferente de ser gênio. Eu sempre gostei muito de ler, estou tomando gosto pela escrita, justamente por causa do blog, mas jamais chegarei ao nível de um grande escritor. Por conseqüência, apenas pelos exemplos que citei acima, por mais que eu treinasse, eu jamais seria um atleta. Eu posso ter uma boa capacidade atlética, consigo me virar razoavelmente bem em algumas modalidades esportivas, o que me leva a crer que tenho uma boa “inteligência cinética”, mas pra ser atleta, tem que ser gênio. Além de Inteligência cinética, um atleta tem uma inteligência espacial fantástica. Uma capacidade diferenciada de analisar posição, distancia e tempo, e aliar isso a inteligência cinética para com o domínio do próprio corpo, resolver algum problema.

A mim, resta apenas sentar e assistir, e com certeza aplaudir muito o trabalho desses verdadeiros gênios da cinética, “Eistens” da bola ou seja como forem chamados, os grandes ATLETAS.

Pra quem quiser curtir algumas imagens de alguns atletas que admiro, é só vir aqui. Fiz uma seleção e criei um álbum no orkut.

Muito obrigado e beijos pra todos ;*